terça-feira, 18 de agosto de 2015

Anna Akhmatova - Segunda-feira




Vinte e um. Segunda-feira. É noite!
No escuro contornos da cidade.
Algum vagabundo escreveu que na terra pode haver amor.

E por tédio ou preguiça,

Todos acreditaram e assim vivem:
Esperam encontros, temem adeus
E cantam canções de amor

Mas a outros revela-se o segredo,

E o silêncio repousará sobre eles...
Descobri isto por acaso
E desde esse momento sinto-me mal.


domingo, 12 de julho de 2015

Crime e Castigo

Rodion Românovitch
Raskólnikov, jovem estudante oprimido pela pobreza e inconformado com a própria situação de miséria e duvidas que tanto o atormentam, se vê obrigado a largar a faculdade por não conseguir arcar com as despesas nem para alugar um lugar decente para dormir já que dorme em um cubículo que segundo suas mesmas palavras tem um grande influencia em seu estado sorumbático.
anda por uma Petersburgo quase onírica, enquanto, tomado pela ideia de grandeza, formula uma teoria absurda, a qual julga que homens grandiosos como Napoleão, ou seja, um ser extraordinário, super homem, dotado de liberdade e  ditador de novas regras, o homem que ultrapassa o limite que a humanidade impõe, tem o direito e o poder de dominar homens que ele julga ordinários, inferiores, para um bem maior. Até mesmo direito ao crime se preciso. Com essa justificativa mata uma velha agiota que ele considera ''um piolho'' e se apodera de seus bens, mas nem tudo se dá como o planejado, na cena entra uma outra pessoa que ele acaba também matando e uma serie de outros imprevistos. Embora ele nunca se arrependa de seu crime e não abandona sua teoria ele acaba se tornando alguém atormentado pela própria consciência e é sua consciência e uma jovem prostituta religiosa que o induzem a rever seus conceitos. levando-o a fluir entre os opostos das teses bem construídas que levam a descrenças e a força inexplicável da crença.
Em paralelo, Porfiri Petrovich um certo juiz de instrução, o cerca e o oprime com sua ''psicologia confusa'' chegando a sufoca-lo com suas suposições.
É porem, a dualidade de sua personalidade é que me chama mais atenção, entre intenções sombrias e atos bondosos (quais nem ele mesmo entende) existe um ser sensível dotado de inteligencia, altivez, indiferença e caridade, esses traços extremos que o tornam único e ate mesmo cativante. 
ler ''crime e castigo'' foi uma revolução profunda e turbulenta na minha vida, um romance tao bem escrito e traduzido que em algumas passagens era como se eu mesma sentisse e compreendesse toda a dor e agonia da personagem. Dostoiévski fez uma das melhores análises da alma e do comportamento humano, expões sentimentos comuns a todos nos, sentimentos esses que fazemos questão de esconder, porque incomoda, machuca. 
romance repleto de reflexões filosóficas e psicológicas que se entrelaçam nos diálogos dos personagens desse grande clássico.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O Casulo Imutável









vou ficando por aqui

onde os dias são como a noite

onde minha tristeza é brilhante

onde eu esqueço a lua grande

que ilumina a rua rastejante




vou ficando por aqui

onde o tempo passa lentamente

onde de pouquinho e pouquinho os dias morrem 

dias como anos

onde a chuva não cai, e o sol não bate



vou ficando por aqui

nessa introspecção infinita

atingindo um paroxismo convicto

enquanto lá fora tudo corre

igual e nivelado

onde pessoas com caras berrantes

agitam suas pastas importantes

onde pelas escadas rolantes

do grande shopping center 

abarrotado de gente

alguém espera um caminho triunfante



vou ficando por aqui

onde tudo é cinza 

onde tudo é dogmático e entediante 



(!!!)

sexta-feira, 20 de março de 2015

O estrangeiro

          ( Charles Baudelaire )






- A quem mais amas tu, homem enigmático, dize: teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão?

- Eu não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.

- Tens amigos?

- Você se serve de  uma palavra cujo sentido me é, até hoje, desconhecido.

- Tua pátria?

- Ignoro em qual latitude ela esteja situada.

- A beleza?

- Eu a amaria de bom grado, deusa e imortal.

- O ouro?

- Eu o detesto como vocês detestam Deus.

- Quem é então que tu amas, extraordinário estrangeiro?

- Eu amo as nuvens ...as nuvens que passam lá longe ... as maravilhosas nuvens!




Pequenos Poemas em Prosa ( Charles Baudelaire)




Viagem ao litoral

Tarkovsky Polaroids   Quando a visão é surpreendida Por dois filetes de água Que rasgam as montanhas E a linguagem se t...